O mito da produção agrícola de baixo valor agregado

Antônio da Luz

Resumo


A agricultura foi o grande palco de debates ideológicos ao longo do século 20 no Brasil, onde a terra deveria fazer justiça social por meio da distribuição da riqueza. À indústria, por sua vez, caberia o papel do crescimento econômico e da modernização do País. O século 21 avança, em sua segunda década, e ainda há um grande grupo de autores e policy makers que acreditam que o Brasil precisa apostar em segmentos econômicos mais “avançados”, muitas vezes sem observar vantagens comparativas e sem um planejamento setorial de longo prazo adequado. Este artigo mostra que não há a lógica econômica nesse argumento. A agricultura atualmente gera alto valor agregado, inclusive gerando mais valor adicionado (VA) que a indústria por unidade monetária faturada. Enquanto a agricultura gera R$ 0,57 de VA para cada real de valor bruto da produção (VBP), a indústria gera apenas R$ 0,33. Esse resultado remete a duas conclusões: a primeira é que a agricultura brasileira é de alto valor agregado e pode contribuir muito com o crescimento do País. A segunda é que a indústria é vítima de um alto consumo intermediário, resultado de políticas industriais malsucedidas e ausência de políticas horizontais que poderiam contribuir para reduzir o custo industrial.

Palavras-chave


coeficientes técnico-setoriais; competitividade; valor adicionado pela agricultura

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