Produção de etanol nos Estados Unidos da América

Robson Mafioletti, Gilson Martins, Flávio Turra

Resumo


O tema política industrial é fonte de intensos e frequentes debates em foros internacionais. Alguns especialistas chamam a atenção sobre a oposição explícita de países industrializados
à interferência estatal e a favor do livre mercado. Sabe-se, porém, que, na prática, esses mesmos países também se valem de diversos instrumentos para apoiar setores estratégicos para a sua economia. A política norte-americana do etanol de milho é um exemplo típico dessa política. Em 2000, os Estados Unidos produziram 6,2 bilhões de litros de etanol de milho, um negócio que se multiplicou por oito, até o final de 2010 (com 49,3 bilhões de litros). Em 2011, a indústria do etanol gerou demanda
por 128 milhões de toneladas de milho nos EUA, volume superior a duas safras brasileiras do cereal. Apesar de o país produzir internamente o milho de que necessita para a produção do etanol, a política gerou viés de alta nos preços das commodities agrícolas no mercado mundial, desde a sua
implementação. A Lei de Energia Americana prevê que, em 2022, serão produzidos 136 bilhões de litros de etanol, os quais serão adicionados à gasolina. A expectativa é de impactos ainda maiores nos mercados agrícolas. Os gastos do orçamento americano para sustentar essa política e os ganhos ambientais são temas recorrentes na discussão norte-americana sobre o etanol. Porém, o que está em questão para os EUA é, sobretudo, a soberania e a segurança da matriz energética do país. Por sua vez, o que interessa ao Brasil é a eliminação da tarifa de importação, de US$ 0,54 por galão, sobre o etanol brasileiro.

Palavras-chave


Etanol; Milho; Política Industrial;

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