Lucratividade da agricultura
Resumo
Daí decorre que o Brasil enfrenta problema de difusão de tecnologia, qual seja, o de fazer a tecnologia chegar aos milhões de estabelecimentos que contribuíram muito pouco para a produção. A lucratividade da agricultura é medida pela renda líquida do estabelecimento. Se igual ou maior que zero, o estabelecimento é considerado como bem-sucedido; se menor que zero, malsucedido. A comparação se faz entre o grupo bem-sucedido e o malsucedido, e nunca com uma situação ideal. Assim, o que o grupo bem-sucedido fizer, o malsucedido poderá imitar. Da análise, emergem as seguintes conclusões: a) como a pequena produção gastou muito menos por hectare, ela deve estar sofrendo discriminação pelo mercado ou discriminação que depende da personalidade do agricultor; b) os produtores malsucedidos têm, por estabelecimento, maior área e maior patrimônio, ou seja,
fracassam na gestão dos recursos que comandam; e c) os produtores malsucedidos apresentam produtividade
por hectare e total dos fatores muito menores que os bem-sucedidos. Daí decorre que os malsucedidos não sabem administrar a tecnologia, considerando-se as restrições e os preços relativos
que vigoraram em 2006, ano a que se refere o Censo Agropecuário 2006. E não sabem administrá-la
porque desconhecem seus parâmetros, erram nas previsões de preços, enfrentam restrições intrínsecas
e de mercado instransponíveis e não são disciplinados. Duas recomendações emergem para extensão
rural: ensinar administração rural e ensinar os agricultores a monitorar a aplicação da tecnologia.
Ao governo caberia cooperar com a eliminação das restrições de mercado, quais sejam: risco de
preços e de clima, acesso ao crédito rural, ser competitivo no mercado internacional, acesso à tecnologia
moderna e oferta de boa infraestrutura de transporte, em portos e aeroportos. Quanto às
restrições intrínsecas, principalmente a aversão ao risco, cabe à extensão rural enfrentá-las.
Palavras-chave
Referências
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