Uma viagem pelas regiões e estados guiada pelo Censo Agropecuário 2006
Resumo
Este trabalho trata da urbanização, desenvolvimento regional, êxodo rural, tecnologia e a concentração da produção agropecuária com base nas informações dos censos agrícolas, principalmente o último deles, o de 2006. Mesmo que a agricultura nos últimos dez anos tenha duplicado sua produção, a estrutura e a problemática regional não mudou significativamente, com exceção da região Centro-Oeste. As conclusões principais são estas 1) O Brasil possui uma agricultura dual, com um agronegócio muito bem-sucedido, em que 11,4% dos estabelecimentos produziram 87% da renda bruta; 2) A tecnologia explica a maior parte da variação da renda bruta, exceto para o Norte, com destaque para a região Sul, com 90% de contribuição; 3) Os marginalizados da tecnologia povoam todas as regiões, e são as imperfeições de mercado que tornam as tecnologias modernas não lucrativas para a pequena produção; 4) O Nordeste é o abrigo principal da pobreza rural, que se beneficia dos programas de transferência de renda; 5) Sem irrigação, não há solução para a baixa renda e a miséria dos agricultores nordestinos; 6) Em 2006, 55,64% dos estabelecimentos brasileiros obtiveram renda líquida negativa, o que reflete um problema sério de administração rural; 7) Recomendam-se políticas públicas específicas que possam promover mudança da classe muito pobre para a pobre e da pobre para a média; e 8) A grande maioria dos estabelecimentos de cada região pertence à classe de área de até 100 ha – Norte, 83,86%; Nordeste, 95,12%; Sudeste, 89,18%; Sul, 93,78%; e Centro-Oeste, 68,63%. Essa classe concentra a maior parte da agricultura familiar, cuja política pública de mesmo nome batalha para resolver seu problema de pobreza, principalmente via transferência de renda.
Palavras-chave
Desenvolvimento regional; Embrapa; pesquisa agropecuária brasileira; pobreza.
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